Segundo o Inclusive Policy Lab, da Unesco, “o rápido crescimento da Internet das Coisas (IoT) levanta preocupações urgentes em termos de privacidade, apesar dos seus possíveis benefícios.”  Portanto, apesar de estarem em alta hoje em dia, os equipamentos inteligentes, ligados a Internet das Coisas, trazem algumas preocupações em relação à privacidade de dados, das quais abordaremos no blog de hoje.

O que é a Internet das Coisas?

A internet das coisas é um conceito relacionado a incorporação de objetos físicos a diferentes tecnologias para conectá-los com a internet, permitindo uma comunicação perfeita entre pessoas e esses objetos, que podem variar desde objetos domésticos até ferramentas industriais. Quanto as tecnologias integradoras presente na IoT, temos a Inteligência Artificial, sensores, machine learning, protocolos de rede, computação em nuvem, natural-language processing, entre outros.

Quais são as aplicações da Internet das Coisas?

A Internet das Coisas (IoT) tem uma ampla gama de aplicações em diversas áreas, proporcionando benefícios significativos tanto para empresas quanto para consumidores. Aqui estão algumas das principais aplicações da IoT:

1. Cidades Inteligentes: a IoT é usada para melhorar a eficiência dos serviços urbanos, como iluminação pública inteligente, gerenciamento de resíduos, monitoramento do tráfego e transporte público otimizado.
2. Saúde Conectada: a IoT é aplicada em dispositivos médicos conectados, monitoramento remoto de pacientes, gestão de medicamentos, assistência domiciliar inteligente e coleta de dados para análises médicas.
3. Indústria 4.0: A IoT desempenha um papel fundamental na transformação digital das indústrias, permitindo a automação de processos, manutenção preditiva de máquinas, monitoramento de ativos em tempo real e otimização da cadeia de suprimentos.
4. Agricultura Inteligente: por meio de sensores e dispositivos conectados, a IoT é utilizada na agricultura para monitorar condições climáticas, otimizar a irrigação, rastrear animais, gerenciar cultivos de forma mais eficiente e automatizar tarefas agrícolas.
5. Casa Conectada: a IoT é aplicada em casas inteligentes para controlar dispositivos domésticos, sistemas de segurança, termostatos, iluminação, eletrodomésticos e gerenciamento de energia de forma remota e automatizada.
6. Veículos Conectados: a IoT é fundamental para o desenvolvimento de veículos conectados e autônomos, possibilitando comunicação entre veículos (V2V), comunicação veículo-infraestrutura (V2I), sistemas de assistência ao condutor e otimização do tráfego.
7. Logística e cadeia de suprimentos: a IoT é usada para rastreamento em tempo real de mercadorias, gerenciamento de inventário, otimização de rotas de entrega, monitoramento de condições de armazenamento e prevenção de perdas.
8. Educação e Ambientes Inteligentes: a IoT é aplicada em ambientes educacionais para criar salas de aula inteligentes, monitorar o desempenho dos alunos, personalizar o aprendizado, gerenciar instalações escolares e promover experiências de aprendizagem inovadoras.

O que é a privacidade na Internet das Coisas?

Ainda segundo a Unesco, “os dispositivos IoT podem recolher grandes quantidades de dados granulares sobre os hábitos e atividades diárias dos indivíduos”. O que significa que os dispositivos conectados a IoT recolhem dados sobre ritmo de consumo, localização, saúde, entre outros. Com essa quantidade de dados compartilhados, os indivíduos passam a ficar limitados com relação ao que compartilham ao não, por passarem a não ter controle sobre isso. 

Vamos entender melhor sobre esses riscos? Leia o próximo tópico!

Quais são os desafios relacionados à privacidade na Internet das Coisas?

A objeção e a descrença em relação aos dispositivos IoT muitas vezes surgem de questões relacionadas à segurança cibernética e à proteção da privacidade.  À medida que os hackers e outros atores mal-intencionados avançam, torna-se cada vez mais desafiador para as empresas garantirem a proteção de seus dispositivos IoT. Além disso, há uma falta de confiança por parte do público. 

Os consumidores se preocupam com a possibilidade de violação de sua privacidade, tanto pelas empresas responsáveis por proteger seus dados quanto pelos agentes maliciosos. Veja os principais riscos:

• Excesso de dados compartilhados: Existem milhares de milhões de dispositivos ligados em todo o mundo que geram enormes quantidades de dados apenas num dia. Quem atua de má-fé tem muitos alvos e oportunidades para comprometer a privacidade dos consumidores. Consequentemente, os fabricantes de dispositivos IoT e as empresas que utilizam estes dispositivos têm um trabalho difícil para garantir a confiança do público.
• Invasão do espaço pessoal: Os cibercriminosos podem visar um dispositivo ou rede IoT não seguro para aceder a informações de identificação pessoal (PII) ou outras informações sensíveis sobre os consumidores. Os fabricantes de dispositivos e as organizações que utilizam esses dispositivos também têm acesso a dados de PII e devem tomar precauções para evitar o acesso não autorizado e a utilização indevida.
• Compartilhamento de dados privados: Um fabricante de dispositivos pode incluir nas suas letras pequenas como partilha os dados dos consumidores com terceiros. Se os consumidores não lerem o texto legal que acompanha os seus sensores, carros conectados e outros dispositivos, podem, sem saber, ter os seus dados sensíveis vistos e utilizados por esses terceiros.
• Segurança Cibernética: O aumento de ataques cibernéticos e a sofisticação de hackers tornam cada vez mais difícil garantir a segurança dos dispositivos IoT. Empresas e usuários enfrentam o desafio de proteger seus dados contra violações e acessos não autorizados.
• Desconfiança do Público: A falta de confiança dos consumidores em relação à proteção de seus dados é um obstáculo significativo para a adoção generalizada da IoT. Preocupações com a privacidade levam muitos usuários a hesitar em utilizar dispositivos conectados.

Diante desses desafios, é fundamental que fabricantes, reguladores e usuários trabalhem em conjunto para desenvolver e implementar práticas de segurança e privacidade robustas na IoT. Isso inclui a adoção de padrões de segurança, políticas claras de privacidade, educação do público sobre seus direitos e responsabilidades e investimento em tecnologias que protejam os dados dos usuários.

O que a legislação diz sobre a privacidade na Internet das Coisas?

A legislação e regulamentação na área da privacidade na Internet das Coisas (IoT) permitem proteger os direitos dos usuários e definir as responsabilidades das empresas que desenvolvem e utilizam dispositivos IoT.  Em muitos países, existem leis e regulamentos específicos que abordam a proteção de dados e privacidade, como o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) na União Europeia e a Lei de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) no Brasil.

No entanto, a IoT apresenta desafios únicos para a regulação de privacidade, devido à sua natureza distribuída e interconectada. A coleta de dados por múltiplos dispositivos e sua agregação para análises complicam aplicar princípios de privacidade, como o consentimento informado e a minimização de dados.

Atualmente, há discussões em andamento sobre a necessidade de atualizar e adaptar as leis existentes para abordar especificamente os desafios da IoT. Isso inclui questões como a segurança dos dispositivos, a transparência na coleta de dados e o papel das empresas com o uso dessas informações. Além das leis, também são desenvolvidas normas e padrões técnicos para promover a segurança e a privacidade na IoT. Organizações como o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) nos Estados Unidos e o Instituto Europeu de Normas de Telecomunicações (ETSI) na Europa trabalham na elaboração de diretrizes técnicas para fabricantes e desenvolvedores.

A cooperação internacional é essencial nesse contexto, devido à natureza global da IoT. Acordos de compartilhamento seguro de dados entre países, esforços para harmonizar regulamentações e colaboração em pesquisas e desenvolvimento de tecnologias seguras são fundamentais para garantir uma abordagem consistente e eficaz na proteção da privacidade na IoT.

No entanto, à medida que a tecnologia IoT avança rapidamente, novos desafios e dilemas éticos surgem constantemente. Questões como a privacidade em dispositivos vestíveis, carros autônomos e ambientes inteligentes exigem uma reflexão contínua sobre como as leis e regulamentações podem evoluir para proteger os direitos dos indivíduos enquanto promovem a inovação tecnológica.